O solo é o sustentáculo da vida e todos os organismos terrestres dele dependem direta ou indiretamente. É um corpo natural que demora para nascer, não se reproduz e “morre” com facilidade. Para dar a necessária importância ao solo e protegê-lo, é fundamental conhecer a maneira como se forma e quais os elementos da natureza que participam na sua formação.
O solo resulta da ação simultânea e integrada do clima e organismos que atuam sobre um material de origem (geralmente rocha), que ocupa determinada paisagem ou material de origem relevo, durante um certo período de tempo. Esses elementos (rocha, clima, organismo, relevo e tempo) são chamados de fatores de formação do solo. Esses fatores são parte do meio ambiente e atuam de forma conjunta.
Durante seu desenvolvimento o solo sofre a ação de diversos processos de formação como perdas, transformações, transportes e adições. Esses processos são responsáveis pela transformação da rocha em solo, diferenciando-se desta por ser constituído de uma sucessão vertical de camadas que diferem entre si na cor, espessura, granulometria, conteúdo de matéria orgânica e nutrientes de plantas. Esses processos (adições, perdas, transformações e transportes) são responsáveis pela formação de todos os tipos de solos existentes. Considerando que todos os solos são formados pela atuação desses processos, como se explica que na natureza existam diversos tipos de solos? A explicação é que esses processos atuam com diferentes intensidades de acordo com a variação nos fatores de formação.
Fatores de formação dos solos
Material de origem
O material de origem é a matéria-prima a partir da qual os solos se desenvolvem, podendo ser de natureza mineral (rochas ou sedimentos) ou orgânica (resíduos vegetais). Por ocuparem extensões consideráveis, os materiais rochosos são, sem dúvida, os mais importantes e abrangem os diversos tipos conhecidos de rochas.
Dependendo do tipo de material de origem, os solos podem ser arenosos, argilosos, férteis ou pobres. É importante salientar que uma mesma rocha poderá originar solos muito diferentes, dependendo da variação dos demais fatores de formação. Por exemplo, um granito, em região de clima seco e quente, origina solos rasos e pedregosos em virtude da reduzida quantidade de chuvas. Já, em clima úmido e quente, essa mesma rocha dará origem a solos mais profundos, não-pedregosos e mais pobres.
Exemplos dos principais tipos de rochas
As rochas e os solos
Em qualquer clima, os arenitos geralmente originam solos de textura grosseira (arenosa), têm baixa fertilidade, armazenam pouca água e são muito propensos à erosão. Rochas como o basalto originam solos de textura argilosa e com altos teores de ferro, pois são ricas nesse elemento.
Solos originados a partir de argilitos apresentarão textura argilosa, isto é, com predominância de argila. Com exceção do hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio, os demais nutrientes para as plantas, como cálcio, magnésio, potássio e fósforo, provêm dos minerais presentes nas rochas que, ao se decomporem pela ação do intemperismo, liberam esses elementos para o solo para serem absorvidos pelos vegetais.
Rochas com grandes quantidades de elementos nutrientes podem originar solos férteis, ao passo que solos derivados de rochas pobres serão inevitavelmente de baixa fertilidade. Solos derivados de arenito (rocha geralmente pobre em nutrientes) possuem baixa quantidade de nutrientes (cálcio, magnésio, potássio), comparativamente aos originados de basalto (rochas mais ricas em nutrientes).
Clima
O clima exerce influência na formação dos solos principalmente através da precipitação e temperatura. Em ambientes extremos, como desertos frios ou quentes, a água está em estado sólido (gelo) ou ausente, o que dificulta ou mesmo impede a formação do solo. Para atuação de processos de intemperismo e de formação do solo há necessidade de existir água em estado líquido. Precipitações e temperaturas elevadas favorecem os processos de formação do solo.
Climas úmidos e quentes (regiões tropicais) são fatores favoráveis à formação de solos muito intemperizados (alterados em relação à rocha), profundos e pobres, o que resulta em acidez e baixa fertilidade, como é o caso da maioria dos solos brasileiros. Em regiões de baixa precipitação (áridas e semi-áridas), os solos são menos intemperizados, mais rasos, de melhor fertilidade e, geralmente, pedregosos. Graças à vegetação escassa, a quantidade de matéria orgânica, adicionada em climas secos, é inferior à dos solos de regiões úmidas.
Relevo
Dependendo do tipo de relevo (plano, inclinado ou abaciado) (Figura 3), a água da chuva pode entrar no solo (infiltração), escoar pela superfície (ocasionando erosão) ou se acumular (formando banhados).
Nos relevos planos, praticamente toda a água da chuva entra no solo, propiciando condições para formação de solos profundos. Em relevos inclinados, grande parte da água escorre pela superfície, favorecendo processos erosivos e dificultando a formação do solo, sendo tais áreas ocupadas, predominantemente, por solos rasos.
As áreas com relevo abaciado, além das águas da chuva, também recebem aquelas provenientes das áreas inclinadas, tendendo a um acúmulo e favorecendo o aparecimento de banhados (várzeas), onde se formam os solos chamados de hidromórficos, ou seja, com excesso de água. Quando derivados de material de origem vegetal acumulado em áreas encharcadas, como banhados, os solos tendem a apresentar grandes quantidades de matéria orgânica.
Em relevos planos, podem ocorrer solos rasos quando a região é muito seca, e a quantidade de chuvas não é suficiente para a formação de um solo profundo. Também podemos ter solos rasos em regiões planas, mesmo em climas muito chuvosos, quando os solos são desenvolvidos a partir de rochas muito resistentes ao intemperismo (alteração).
Relevo inclinado favorece a formação de solos rasos (Almirante Tamandaré, PR).
Relevo abaciado e com acúmulo de água favorece a formação de solos
escuros com altos teores de matéria orgânica (Município de Curitiba, PR.
(Foto: Luiz Claudio de Paula Souza).
Organismos
Os organismos que vivem no solo (vegetais, minhocas, insetos, fungos, bactérias, etc.) exercem papel muito importante na sua formação, visto que, além de seus corpos serem fonte de matéria orgânica, atuam também na transformação dos constituintes orgânicos e minerais.
A vegetação exerce marcante influência na formação do solo pelo fornecimento de matéria orgânica, na proteção contra a erosão pela ação das raízes fixadas no solo, assim como as folhas evitam o impacto direto da chuva. Ao se decompor, a matéria orgânica libera ácidos que também participam na transformação dos constituintes minerais do solo.
A fauna (representada por inúmeras espécies de minhocas, besouros, formigas, cupins, etc.) age na trituração e transporte dos resíduos vegetais no perfil do solo. Os fungos e as bactérias realizam o ataque microbiano, transformando a matéria orgânica fresca em húmus, o qual apresenta grande capacidade de retenção de água e nutrientes, o que é muito importante para o desenvolvimento das plantas que habitam o solo.
Tempo
Para a formação do solo, é necessário determinado tempo para atuação dos processos que levam à sua formação. O tempo que um solo leva para se formar depende do tipo de rocha, do clima e do relevo. Solos desenvolvidos a partir de rochas mais fáceis de ser intemperizadas formam-se mais rapidamente, em comparação com aqueles cujo material de origem é uma rocha de difícil alteração. Por exemplo, os solos derivados de quartzito (rocha rica em quartzo) demoram mais tempo para se formarem do que os solos originados de diabásio (rocha rica em ferro), por ser o mineral quartzo muito resistente ao intemperismo (alteração).
Nos relevos mais inclinados (morros, montanhas), o tempo necessário para formação de um solo é muito mais longo, comparativamente aos relevos planos, uma vez que, nos primeiros, a erosão natural é muito maior.
Percebe-se, ainda, que os solos mais velhos têm maior quantidade de argila que os jovens, isto porque, no transcorrer do tempo de formação, os minerais primários, herdados da rocha e que fazem parte das frações mais grosseiras do solo (areia e silte), vão-se transformando em argila (fração mais fina do solo).
Quando originados de uma mesma rocha, os solos mais velhos apresentam, usualmente, menor quantidade de nutrientes, os quais são removidos em solução pelas águas das chuvas. É comum achar que todos os solos jovens são mais férteis que os solos velhos. Porém, um solo jovem será de baixa fertilidade se a rocha que lhe deu origem for pobre em nutrientes.
Uma questão frequentemente levantada é: "Quanto tempo leva um solo para ser formado"? Essa pergunta é difícil de ser respondida porque o tempo de vida do ser humano é muito curto para acompanharmos esse processo. A única certeza é que são necessários milhares de anos. O tempo de formação do solo é longo; todavia, sua degradação pode ser rápida, motivo pelo qual sua utilização deve ser cercada de todo cuidado.
Processo de formação dos solos
Adições
Adições
Tudo que é incorporado ao solo em desenvolvimento é considerado como adição. O principal constituinte adicionado é a matéria orgânica proveniente da morte dos organismos que vivem no solo, principalmente a vegetação. Por serem ricos no elemento carbono, esses compostos orgânicos imprimem cores escuras à porção superior do solo.
A quantidade de matéria orgânica incorporada nos solos é muito variável pois depende do tipo de clima e do relevo. Em climas com pouca chuva, a vegetação é escassa, resultando em menor adição de matéria orgânica. Em climas mais chuvosos, a vegetação é mais abundante e a quantidade de matéria adicionada é maior, fazendo com que os solos apresentem a sua parte superficial mais escura e espessa.
Perdas
Durante o seu desenvolvimento os solos perdem materiais na forma sólida (erosão) e em solução (lixiviação). Em relevos muito inclinados os solos são mais rasos em decorrência da perda de materiais por erosão.
A água da chuva solubiliza os minerais do solo os quais liberam elementos químicos (principalmente cálcio, magnésio, potássio e sódio) que são levados para as águas subterrâneas. Esse é um processo de perda denominado lixiviação. Em regiões com pouca chuva, as perdas desses elementos químicos são menos intensas, comparativamente àquelas com maior precipitação. Essas perdas por lixiviação explicam a ocorrência de solos muito pobres (baixa fertilidade) mesmo sendo originados a partir de rochas que contêm grande quantidade de elementos nutrientes de plantas.
Transformações
São denominadas transformações os processos que ocorrem durante a formação do solo produzindo alterações químicas, físicas e biológicas. Como exemplo de alteração química, pode-se citar a transformação dos minerais primários (que faziam parte da rocha) em novos minerais (minerais secundários). As argilas são o exemplo mais comum de minerais secundários. É o caso de muitas rochas que não contêm argila, porém esse material faz parte do solo formado. Qual seria a explicação? Nesse caso, alguns minerais primários da rocha sofreram intemperismo e se transformaram em argila. E de onde vieram as areias que os solos contêm? Essas areias são provenientes também dos minerais contidos na rocha e que ainda não foram transformados ou são muito resistentes para serem alterados.
As cores vermelha, amarela ou vermelho-amarela são resultantes da formação de compostos (óxidos) a partir do elemento químico ferro liberado pela alteração das rochas.
Os materiais vegetais que caem no solo (folhas, galhos, frutos e flores) e as raízes que morrem também sofrem transformações. Pela atuação de organismos do solo, transformam-se em húmus, que é um composto mais estável e responsável pela cor preta dos solos. Nesse processo, ocorre liberação de ácidos orgânicos, que também contribuem para a alteração dos componentes minerais do solo
As transformações ocorridas durante todos os estádios de desenvolvimento dos solos são mais intensas em regiões úmidas e quentes (zonas tropicais). A água é necessária para hidratar e dissolver minerais, processo que é acelerado em temperaturas mais elevadas. Na porção tropical úmida do Brasil, ocorrem solos considerados muito velhos e intemperizados por terem sido submetidos durante muito tempo a esses processos de transformação e perda, sendo, como resultado, muito profundos e muito pobres em nutrientes.
Transporte
Em decorrência da ação da gravidade e da evapotranspiração (perda de água das plantas e do solo pela ação do calor), pode ocorrer translocação de materiais orgânicos e minerais dentro do próprio solo. Essa movimentação pode se dar nos dois sentidos, ou, seja, de cima para baixo ou de baixo para cima. Em condições de clima com poucas chuvas, elementos químicos, como, por exemplo, o sódio, podem ser levados em solução para a superfície do solo e depositados na forma de sal. Em climas úmidos, ácidos orgânicos e partículas minerais de tamanho reduzido (argila) podem ser transportados pela água para os horizontes mais profundos do solo.
A erosão e a falta de cuidados com os solos
Erosão em sulco provocada pelo escoamento superficial da água da chuva
O que torna o
solo fértil e a importância disso na agricultura
A formação dos
solos influencia na fertilidade
A relação entre a
classificação do solo e o que torna o solo fértil
Indicadores da qualidade do solo
· Adubação
· Cuidados com a erosão
· Adubação orgânica e cultura de cobertura;
Fonte:
Transporte
Em decorrência da ação da gravidade e da evapotranspiração (perda de água das plantas e do solo pela ação do calor), pode ocorrer translocação de materiais orgânicos e minerais dentro do próprio solo. Essa movimentação pode se dar nos dois sentidos, ou, seja, de cima para baixo ou de baixo para cima. Em condições de clima com poucas chuvas, elementos químicos, como, por exemplo, o sódio, podem ser levados em solução para a superfície do solo e depositados na forma de sal. Em climas úmidos, ácidos orgânicos e partículas minerais de tamanho reduzido (argila) podem ser transportados pela água para os horizontes mais profundos do solo.
A
formação do perfil do Solo
A formação do
solo inicia-se a partir do momento em que o material de origem material de
origem (rocha) é exposto na superfície terrestre, quando, então, passa a sofrer
ação de agentes do clima, principalmente precipitação e temperatura, acionando
processos de intemperismo ("apodrecimento" da rocha).
À medida que se intemperiza, a rocha vai
desagregando e ficando mais porosa, passando a reter água e elementos químicos
(cálcio, magnésio, potássio, sódio, ferro, etc) e oferecendo condições de
colonização por organismos pioneiros, como musgos, liquens, algas, etc.
Com o passar
do tempo, o tempo solo vai ficando mais espesso, permitindo a instalação de
plantas de maior porte. Ao morrerem, esses organismos fornecem matéria orgânica
(adição), adição que passa a ser incorporada continuamente ao solo, além de
fornecer ácidos orgânicos, que aceleram o intemperismo.
Os minerais
primários (oriundos da rocha) sofrem transformações, alterando-se química e
fisicamente e dando origem a novos minerais (minerais secundários), tais como:
minerais silicatados e óxidos de ferro e alumínio. Abaixo da camada superficial
mais escura do solo, a rocha continua se intemperizando e apresenta coloração
vermelha graças à presença do ferro.
Parte dos nutrientes (cálcio, magnésio,
potássio, etc.), liberados desses minerais, também são "lavados" do
solo (perdas). Pela ação da gravidade, partículas de argila suspensas em água e
compostos orgânicos podem deslocar-se pelos poros do solo, possibilitando algum
acúmulo em profundidade (transporte descendente).
Em climas
secos, alguns sais são trazidos à superfície do solo (transporte ascendente),
graças à evaporação da água. Assim, o solo ainda não se formou, estando em
desenvolvimento nas Figuras 6-2 até 6-4, e pode ser considerado praticamente em
estádio final de desenvolvimento na Figura 6-5.
Com esta ação continuada dos processos
pedogenéticos (transformações, perdas, transportes e adições), a massa inicial
de rocha alterada homogênea passou a adquirir propriedades e características
variáveis em profundidade (diferenciação vertical), tais como: cor, porosidade,
conteúdo de matéria orgânica, etc., formando os horizontes do perfil do solo.
Na Figura abaixo, observa-se que:
a) O solo apresenta diferentes cores em
profundidade;
b) A parte superficial (A) é escurecida pela matéria orgânica;
c)
A porção central (B) exibe cor vermelha (ou amarelada, em alguns casos) por
causa do ferro;
d) Logo abaixo vem a rocha alterada (C) de cor vermelha e
acinzentada;
e) Por último, tem-se a rocha fresca (R), que ainda não foi
alterada.
Seqüência cronológica hipotética de evolução do perfil do solo. As letras A, B, C, R são os horizontes e camadas que constituem o solo e ainda não foi alterada.
Perfil
do solos
Os solos
são constituídos por uma sucessão vertical de camadas horizontais resultantes
da ação conjunta dos fatores e processos de formação. Essa sequência vertical é
chamada de perfil do solo, que é a unidade básica para seu estudo, realizado
por meio da descrição (morfologia) e análise das camadas que o constituem
(análises químicas, físicas e mineralógicas). A interpretação dessas análises
possibilita a identificação e classificação do solo, assim como o conhecimento
de suas qualidades e limitações quanto ao aspecto agrícola e ambiental.
Perfil
do solo - Perfil
do solo corresponde a uma seção vertical que inicia na superfície do solo e
termina na rocha, podendo ser constituído por um ou mais horizontes:
Horizontes
do solo -
Horizontes do solo são as diferentes camadas que constituem o solo, formadas
pelos processos pedogenéticos (adições, perdas, transportes e transformações).
Os horizontes e as camadas do solo são designados por letras maiúsculas - O, A,
B, C e R .
Representação esquemática do perfil de solo, mostrando seus principais horizontes
e camadas
Características dos principais horizontes
Horizonte H - É um horizonte orgânico, normalmente encontrado em áreas com excesso de água, como os banhados ou várzeas. O excesso de água inibe a ação dos microrganismos aeróbios (aqueles que necessitam de O2 para sobreviverem), limitando muito a decomposição da matéria orgânica. Então, temos a seguinte situação: estes ambientes apresentam grande produção e incorporação de matéria orgânica no solo e baixa velocidade de decomposição. Como resultado, verifica-se grande acúmulo de matéria orgânica no solo, bem como formação do horizonte H (horizonte espesso, rico em matéria orgânica e de coloração escura).
Exemplos de horizontes O, H, A, B , C.
Horizonte O - Também é um horizonte orgânico.
É simbolizado pela letra O pelo fato de ser a primeira letra da palavra
orgânico. Como pode ser observado, o horizonte O é constituído por uma manta de
folhas, galhos, flores, frutos, restos e dejetos de animais, depositados sobre
o horizonte A. Pode ser encontrado em solos sob mata, sendo pouco expressivo ou
inexistente em regiões de vegetação de campo. Decompõe-se rapidamente, quando o
solo é submetido ao cultivo. A espessura é variável, estando condicionada
principalmente pelo clima e pelo tipo de vegetação.
Representação esquemática do perfil de solo, mostrando seus principais horizontes e camadas
Horizonte A – Está abaixo do horizonte O,
quando este existe, caso contrário é o horizonte superficial. É formado pela
incorporação de matéria orgânica aos constituintes minerais do solo com os
quais fica intimamente misturada. O conteúdo de matéria orgânica é mais baixo,
quando comparado com o dos horizontes O e H, com teores raramente superiores a
10%, sendo por isso considerado um horizonte mineral. Este horizonte tem grande
importância agrícola (local onde concentra a maior parte das raízes das
plantas) e ambiental (horizonte superficial que primeiro recebe os poluentes
depositados sobre o solo). Geralmente, tem coloração escura, graças à presença
de matéria orgânica, a qual se encontra bastante mineralizada, ou seja,
decomposta e transformada em húmus. A decomposição de raízes é a principal
fonte de matéria orgânica para a formação deste horizonte. A sua espessura é
variada e depende do clima e da vegetação.
Em regiões
de baixa precipitação, como, por exemplo, nordeste do Brasil, é pouco espesso e
mais claro em decorrência da escassez de vegetação. Nos estados sulinos, onde a
vegetação é mais exuberante e o clima mais frio, pode atingir mais de 1 metro
de espessura. Por conter maior quantidade de material orgânico, é mais poroso,
mais leve, menos duro e menos plástico e pegajoso (atributos que favorecem, por
exemplo, o preparo do solo), assim como apresenta maior atividade biológica que
os demais horizontes minerais de um perfil de solo. Em muitas regiões do
Brasil, o horizonte A já foi parcial ou totalmente removido por erosão,
causando diminuição da qualidade agrícola e ambiental do solo, já que sua
restauração aos níveis originais é praticamente impossível.
Representação esquemática do perfil de solo, mostrando seus principais horizontes e camadas
Horizonte
B - Situa-se
abaixo do horizonte A e sua cor é devida principalmente aos minerais de ferro
da fração argila, sendo as mais comuns vermelha, amarela ou vermelho-amarela. O
teor de matéria orgânica, bem como a atividade biológica, é menor do que o do
horizonte A. Pode apresentar variações em relação à espessura (centímetros a
vários metros), fertilidade, coloração, tipo e tamanho das estruturas,
mineralogia e quantidade de areia, silte ou argila.
Representação esquemática do perfil de solo, mostrando seus principais horizontes e camadas
Horizonte C - Encontra-se abaixo do
horizonte B. É a rocha intemperizada, podendo apresentar manchas de diversas
cores (Figuras 2 e 3).
Horizonte R - É a última camada do
perfil e representa a rocha que ainda não foi intemperizada.
Tipos
de Perfis de solos
Considerando
a grande variação nos fatores (rocha, clima, relevo, organismos e tempo) e
processos (adição, remoção, transformação e translocação) responsáveis pela
formação do solo, existem, na natureza, inúmeros tipos de perfis, os quais
podem apresentar um ou mais horizontes, dependendo do seu grau de
desenvolvimento. Um solo jovem, por exemplo, pode apresentar apenas o horizonte
A sobre a rocha (A-R), enquanto um mais velho tem maior número de horizontes
(A-B-C-R), conforme pode ser observado na figura abaixo na parte superior de
cada perfil, consta o nome do solo correspondente.
O solo é um recurso natural de alta
importância social, econômica e ambiental. As práticas agrícolas inadequadas
são responsáveis em grande parte pelo processo de erosão, contribuindo para a
perda de solo e a baixa produtividade. A erosão resultante da ação do impacto
da gota de chuva e da enxurrada sobre o solo, chamada de erosão hídrica é a
principal forma de degradação dos solos no Brasil, além da retirada das
partículas de solo, transporta os nutrientes, a matéria orgânica e os
defensivos agrícolas, causando prejuízos na atividade agrícola. O uso
inadequado do solo na agricultura é uma das principais causas da degradação do
solo o desconhecimento dos fatores, clima, relevo e tipologia do solo onde a
propriedade rural está inserida piora essa situação.
Causas da infertilidade do solo
· Falta de planejamento agrícola e
financeiro;
· Uso excessivo de
adubos químico e não realizar análise prévia do solo;
· Manejo ou
rotação errôneas das culturas;
· Doses
desequilibradas de adubos;
· Erosão do solo,
lixiviação e/ou volatilização de nutrientes;
· Salinização (uso
inadequado de produtos);
· Redução da
atividade microbiana;
· Acidez;
· Compactação do
solo.
·
A
compactação do solo é uma importante causa da infertilidade do solo que é comum
nas áreas.
Fatores
que tornam o solo mais fértil
Segundo
relatório da FAO, 33% dos solos do mundo estão degradados,
com perda de fertilidade e, consequentemente, produtividade.
No caso
dos solos brasileiros, os principais problemas são a erosão, perda de carbono
orgânico, e o desequilíbrio de nutrientes.
Apesar dos dados alarmantes, todos nós podemos tomar medidas para
evitar essa degradação e tornar o solo mais fértil.
O que torna o
solo fértil e a importância disso na agricultura
Como sabemos, o solo é imprescindível para as atividades agrícolas,
fornecendo nutrientes e água para as plantas.
Por isso, é muito importante você conhecer o solo da sua fazenda.
Um solo fértil é aquele que tem nutrientes para suprir as
necessidades das plantas.
Assim, um solo infértil pode trazer muitos prejuízos, como disse José
Graziano da Silva, diretor-geral da FAO:
“A
perda de solos produtivos prejudica gravemente a produção de alimentos e a
segurança alimentar, amplifica a volatilidade dos preços dos alimentos e,
potencialmente, mergulha milhões de pessoas à fome e à pobreza.”
A importância disso
para o Brasil é ainda maior, já que o agronegócio em 2016 representou em torno
de 23% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil.
O que torna o solo fértil é primeiro determinado na formação do
mesmo, como vamos discutir a seguir:
A formação dos
solos influencia na fertilidade
A formação do solo inicia-se com o intemperismo do
material de origem dos solos, ou seja, são fenômenos físicos, químicos e
biológicos que agem sobre o material de origem.
Assim, o material de origem do solo, normalmente as rochas, sofrem
ação do clima e dos organismos em um período de tempo para dar origem ao solo.
E é isso a causa dos diferentes tipos de solo. Veja os principais
aspectos que afetam esse processo:
· Material
de origem: rochas ou resíduos vegetais;
· Clima
da região: precipitação e temperatura;
· Relevo;
· Organismos;
· Tempo.
Dependendo desses fatores, e do grau de intemperismo, o solo
formado será mais ou menos fértil.
A maioria dos solos brasileiros, por exemplo, não conseguem suprir
por si só as necessidades nutricionais das plantas, sendo pouco férteis em
geral.
Isso porque os solos já sofreram muito intemperismo, se
constituindo em solos ácidos e com poucos nutrientes.
Por isso a calagem, gessagem e adubação são
fundamentais para a nossa produção agrícola.
A relação entre a
classificação do solo e o que torna o solo fértil
A classificação de um solo é obtida a partir da avaliação dos dados
morfológicos, físicos, químicos e mineralógicos do perfil que o representam.
Veja algumas características e propriedades dos
solos que são utilizadas para sua classificação:
·Cor: relação
com a formação dos solos;
·Hidromorfismo: refere-se à superficialidade do lençol
freático, indicando que o solo está permanentemente ou sazonalmente saturado
por água;
·pH: indica a acidez do solo;
·Textura: proporção dos particulados do solo
determinados de acordo com suas dimensões (granulometria): areia (mais
grosseira), silte (intermediário) e argila (mais fina);
·CTC (Capacidade de Troca de Cátions);
·Matéria orgânica e material mineral.
Para
classificar os solos brasileiros, a Embrapa desenvolveu um livro: Sistema
Brasileiro de Classificação de Solos (SiBCS).
Nesse sentido, pela classificação do solo já podemos ter uma ideia
de sua fertilidade.
Isso porque muitos desses fatores de classificação são o que torna
o solo fértil ou não.
Como por exemplo, um solo arenoso terá menor CTC, com menor
capacidade de reter nutrientes.
No entanto, a definição da qualidade do solo não é simples. Há
complexidade de fatores envolvidos, além de que o solo não é consumido
diretamente pelo homem e animais.
Assim, temos alguns indicadores
da qualidade do solo que classificam o mesmo:
Indicadores da qualidade do solo
·Indicadores Físicos: densidade, porosidade, textura, compactação,
etc.
·Indicadores Químicos: pH, capacidade
da troca de cátions (CTC), salinidade, etc.
·Indicadores Biológicos: matéria
orgânica, diversidade de microrganismos, atividade microbiológica, etc.
·Indicadores Visuais: observação do solo, de fotografias aéreas,
resposta da planta no solo e outros.
Desse modo, que quanto maior a qualidade do solo, maior será a
capacidade de nutrir as plantas e, consequentemente, maior a fertilidade.
Você se recorda o que é CTC?
CTC é a Capacidade
de Troca Catiônica, ou seja, é uma medida da capacidade de troca de cátions que
um solo possui.
Para te explicar melhor sobre CTC, lembre-se que as partículas do
solo na sua superfície possuem carga negativa e essas cargas negativas atraem
carga positiva (cátions), como exemplo, Ca²+, Mg²+ e K+.
Veja mais sobre este tema: Entenda porque você precisa
saber sobre a CTC do seu solo.
Agora que conhecemos mais sobre os horizontes e propriedades do
solo, vamos falar de fertilidade e infertilidade do solo.
Fertilidade x Produtividade do solo
Você já
escutou que um solo pode ser fértil e não ser produtivo?
O que torna o solo fértil é o fato do mesmo possuir os
nutrientes essenciais em quantidades adequadas e balanceadas para as plantas.
Já um solo produtivo é caracterizado por um solo fértil e que
também apresenta outros fatores. A ausência de elementos tóxicos e estar em um
local com clima favorável ao desenvolvimento da planta são exemplo desses
fatores.
Assim, nem sempre um solo fértil é também produtivo.
Além disso, como já comentamos, muitos solos podem não ser naturalmente
férteis.
A baixa fertilidade por causas naturais está relacionado especialmente à gênese
(formação) do solo e o intemperismo.
Chuvas e precipitações elevadas favorecem o processo de formação do
solo, assim, ficam muito intemperizados, ficando com baixa fertilidade.
Desse modo, regiões
tropicais, como o Brasil, é favorecida
pelo intemperismo, tendo condições de alta temperatura e precipitações.
Em alguns casos um solo fértil pode perder a fertilidade por manejo
inadequado, resultando em erosão, desequilíbrio de nutrientes e outros.
Pode também ocorrer exaustão de nutrientes do solo provocada pelas
retiradas pelas culturas, especialmente devido a intensificação da produção.
Afinal, há cada vez mais pessoas no planeta, pressionando a maior
produção de alimentos.
Dicas para
proteção dos solos:
· Análise e correção do
solo
· Adubação
· Cuidados com a erosão
· Adubação orgânica e cultura de cobertura;
· Combate aos animais e plantas invasoras sem
destruir biota do solo;
Fonte:
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